“MINISTRO” e ministro
"Paulo, apóstolo, não da parte de homens, nem por intermédio de homem algum, mas por Jesus Cristo, e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos”
Gálatasl 1.1
A “Carta Magna” da liberdade espiritual para todo o mundo e todas as épocas.
Charles R. Erdman
Gálatas é um esforço enérgico e apaixonado de salvar o cristianismo do perigo de ser transformado apenas numa seita messiânica do judaísmo legalista. Não se sabe como os gálatas (gálata, celta e gaulês são palavras afins) reagiram, mas o evangelho da graça, sem as obras da lei, realmente triunfou, e o cristianismo chegou a ser uma fé global. Durante a Reforma, a epístola aos gálatas tornou-se tão importante para Lutero que ele a designou “minha Kaethe” (nome carinhoso que usava para a esposa).
Poucas são as pessoas em nossos dias que podem referir-se ao ministério recebido de Deus com tanta propriedade como foi o do apóstolo dos gentios. Poucas são também as pessoas que tem consciência do que seja ter um ministério. A própria palavra ministro significa serviçal, estar a serviço, servir. Cristo foi ministro de Deus. “Mas entre vós não será assim; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será servo de todos. Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos” (Mc 10.43-45). Serviu lavando os pés dos discípulos. Serviu partindo o pão e distribuindo o cálice em símbolo do próprio corpo e sangue que haveria de ser entregue como sacrifício vivo. Serviu passando horas em oração com o Pai. Serviu sendo humilhado. Serviu sendo caluniado. Ele foi o sacrifício e Ele foi o sacerdote ofertante. A sua própria disposição de submeter-se à vontade do Pai, até mesmo a ponto de morrer, é exemplo de uma atitude de serviço executada em sua plenitude. É um exemplo que ele pede que imitemos. Ainda que a indumentária do ministro atual é um pouco diferente, a idéia primeira da palavra ministro não mudou.
A idéia que muitos têm, é a do ministro conforme o mundo. O ministro que manda o ministro que tem poder, fama, posição e autoridade. Pelo que vemos e podemos entender da epístola aos gálatas, não foi bem isso que o apóstolo quis transmitir aos ouvintes quando defendia seu apostolado legitimamente recebido do Senhor. Qual de nós, que ao receber do Senhor seu chamado e ministério, saem deixando para trás posição, finanças, família e amigos, para servir ao Senhor. O próprio Senhor disse: “Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não pé digno de mim; quem ama seu filho o sua filha mais do que a mim não é digno de mim; e quem não toma a sua cruz e vem após mim não é digno de mim” (Mt 10.37,38).
Ser ministro é estar em evidência. É ser pastor de um grande rebanho. É ser convidado para “ministrar” em um grande conclave. Facilmente nos esquecemos que ministrar diz respeito principalmente a assistência que se faz necessária a todo aquele que precisa receber: uma oração, um carinho, um sorriso, o alimento, trabalho, um remédio, um ouvido para ouvir, uma roupa lavada, etc. Quantos irmãos hoje, estão precisando de nossa empatia (qualidade que nos transporta para o lugar dos outros). O Senhor Jesus Cristo fazia isso. Ele ainda faz isso, quando nos manda ir, quando nos mostra algo que podemos fazer em beneficio de outrem.
Muito cuidado também ao interpretarmos uma palavra da parte de Deus aos nossos corações. Certa feita alguns discípulos, ao estarem “ministrando” o evangelho foram presos e quando aconselhados a pararem com aquela prédica, disseram: “Antes importa obedecer a Deus do que aos homens” (AT 5.29b). Algumas pessoas têm tomado posse desse texto bíblico para justificarem sua conduta ante a sociedade evangélica e eclesiástica. Em nenhum momento Deus nos está ensinando que podemos passar por cima de quem quer que seja com o pressuposto de que estamos fazendo a obra do Senhor. Não nos esqueçamos que o próprio Senhor concedeu dons aos homens. Um desses “dons” dados à igreja são seus anjos. Homens de Deus, colocados por Deus, para fazerem a obra de Deus, com a autoridade de Deus. Quem não consegue obedecer ao homem que vê como poderá obedecer a Deus que não vê? (“Obedecei aos vossos pastores e sede submissos para com eles; pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas, para que façam isto com alegria e não gemendo; porque isto na aproveita a vós outros” Hb. 13.17).
Hoje já não é mais praxe cooperadores com a função pastoral dirigirem congregações, há alguns lugares que somente pastores de cargo e de função que o fazem. Sendo cooperador, diácono, presbítero (gr. Presbutero - bispo), evangelista ou pastor, (missionário ou apóstolo) diante do Senhor todos temos uma responsabilidade e autoridade. Que os outros nos vejam assim. Paulo o disse.
O judaísmo tinha seus apóstolos os quais se chamavam sheliach, isto é, enviado, termo esse que corresponde a apóstolo e missionário. Um apóstolo era um mensageiro especial, enviado por uma pessoa ou organização superior e que lhe dava autoridade para cumprir determinada missão. O cristianismo interpreta o ministério do apóstolo como representante, pessoa escolhida pelo Espírito Santo para levar o evangelho a novas regiões e para fundar igrejas. Entre os requisitos básicos do apóstolo, no sentido em que o termo era mais comumente usado, estava o de ser testemunha do Cristo ressurreto (1 Co 9.1; 15.8,9) e exerce um ministério de sinais e maravilhas e prodígios (2 Co 121.12). Se aceita que os discípulos é que desempenharam essa importante tarefa, pois foram os primeiros a conviverem com o Senhor. Exceção se faz a Paulo, que como ele mesmo disse, foi um abortivo (1Co 15.8). Via de regra, hoje não temos mais ninguém que teve essa experiência com Deus, vendo-o face a face. Não é o fato de vermos ou não ao Senhor que vai fazer do ministério que recebemos dele ser mais profícuo ou não, mas sim uma vida de intimidade com ELE. “Eu e o Pai somos um” disse Jesus.
(Feliz Ministério a todos)
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